Sobre o Gladiador
05/07/2000 00:00 qua
Sempre que fala de Roma, mesmo com muito esforço e talento de algum historiador, não se consegue captar tudo aquilo que aquela civilização foi. Em termos de importância para o mundo moderno poderíamos dizer que Roma nos deu vida, norteou o pensamento ocidental. A sua magnitude é tão grande que nem de perto hoje chegaríamos ao seu esplendor. Mas, em termos práticos você já assistiu o filme do diretor ex-Blade Runner, o Caçador de Andróides, o Gladiador?!
Esse é um daqueles filmes que tem um forte apelo emocional, não pelos combates entre gladiadores romanos na política do pão e circo, mas pelo caráter do herói, aliás o típico herói romano: general, másculo, forte, e de um caráter inabalável - o segredo do seu sucesso. Maximus - o misericordioso.
Vale muito a pena assistir, você poderá vê-lo sob três aspectos: primeiro, se você não entende nada de História e acha essa ciência chata e narrativa (o que é um erro muito grave na sua formação) pode ir tranquilamente ao cinema e levar um balde de pipoca que o diretor se preocupou com isso e te situa no tempo e no espaço (apesar de historicamente ter alterado alguns momentos, aspectos e biografias) tudo fica redondinho no roteiro. As cenas são fantásticas, o início do filme é primoroso, afinal de contas não é todo dia que um diretor de cinema inclui no seu orçamento a compra de uma floresta morta. Ação e emoção não faltam para os espectadores que só buscam divertimento.Segundo, se você for assistir o filme com um pouco mais de cuidado poderá fazê-lo sob o aspecto tecnologia e efeitos. Durante toda a filmagem o jogo de câmera que o diretor propôs é interessantíssimo você vê, mas não vê. Ele engana os teus olhos, assim a violência se banaliza mais rápido. As reconstruções são excelentes, principalmente, é claro, a melhor delas: a de Roma em sua magnitude! É absolutamente incrível o que a computação gráfica pode fazer com a arte do cinema. Ridley Scott trouxe o coliseu para a vida, novamente. E terceiro: este último tipo de espectador certamente é mais maduro intelectualmente, pois vai certamente compreender o contexto histórico, saberá quem foi o grande Marcus Aurélius e porquê Comodus era tão diferente. Certamente não eram falta de carinho, nem a relação incestuosa com Lucila - é, sim, um caso filosofia. As diferenças entre os dois imperadores são políticas e filosóficas: expansão ou diversão, exército x imperador, epicurismo x estoicismo.
No entanto, apesar de eu ter assistido duas vezes este filme, não me contive quando pela última vez saí do cinema, fui tomar um cafézinho em uma bela cafeteria da capital, era uma tarde chuvosa, pensei e suspirei: "que saudades dos clássicos de Alfred Hitcok". A verdade é a seguinte: por mais tecnologia que tenhamos a nossa disposição, para que um filme se perpetue, é preciso talento. E o Gladiador é um bom espetáculo de diversão, mas arte é outra coisa.
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