Diariamente é aquela rotina. Titias, vovós, sobrinhas, filhas, mais de classe A e B do que Y ou Z saem de suas casas, apartamentos com seu bichinho fofo de estimação, para dar uma voltinha matinal ou vespertina e aliviar o intestino do bicho e numa sensação de gozo ficam observando o animalzinho se espremendo que nem limão, até que sai o dito cujo cocô e onde sai fica; normalmente, no meio da calçada, como uma mina de guerra esperando o premiado do dia, que apressado para um compromisso irá pisar e maldizer o infeliz.
Do outro lado, subindo a Avenida Tuparendi é sempre o mesmo dilema. O carro se deslocando no meio da pista, e como exercício de astrologia, cartomancia ou bola de cristal – para que lado ele irá dobrar? E olha que isso vai de BMW (Brasília Muita Wéia) até Mitsubishi e outras marcas que infestam o trânsito. E de forma psicanalítica fica a questão - por que não indicar através da seta que possui o veículo, para que lado o motorista pretende seguir?
Daí o BBB14 é coisa para gente sem cérebro. A Coca-Cola faz mal. Os políticos são corruptos. A Copa vai ser um fracasso. O sertanejo/funk não é música. Ou seja, não sobra nada. Ou quase, sobra o cocô do cãozinho, como uma 3X4 da hipocrisia que reina; na educação geral da população, que se diga, não são os privilegiados do Bolsa Família e quem sabe por isso, permaneça da forma como está.
São pessoas ditas cultas, com terceiro grau completo, boa renda, e que se negam a enxergar ou sentir que recolher o cocô ou indicar a direção que pretende dar ao seu veículo, não é um excesso ou exercício de altruísmo é uma simples regra de conduta e convívio social, onde não basta jogar a bituca de cigarro, garrafa pet e long neck pela janela? Tal cenário conduz a inafastável proximidade do caos urbano para todos e não somente para os cidadãos que veem no excremento canino, um gesto de carinho para com a natureza ou ainda um momento íntimo que deva ser compartilhando com o seu sapato.
Na hora da sede, um refri gelado; na hora do ócio, um programa besta; na hora do desespero um vereador amigo; e na balada, um funk até o chão. Quem sabe se poderia trocar a coleira de pescoço e dar o volante para o bichinho de estimação, talvez esteja aí a humanidade perdida por esta civilização.
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