Fazia o trajeto a pé para o trabalho, quando cruzei na Praça da Bandeira, com o Larry, que estava lendo uma Carta Capital, acomodado num banco da praça, de olho na Rio Branco e na atmosfera que pairava naquela hora da manhã, naquele local da cidade.
Uma parada para a divagação e mesmo para interromper a leitura se fez obrigatória. Conversamos sobre assuntos de memória, não necessariamente da memória histórica e cultural, mas sim, a nossa própria memória (cérebro), que com o passar dos anos, acaba por nos pregar peças e mesmo nos tirar a nossa condição de seres pensantes e atuantes neste mundo de lembranças instantâneas.
Existe uma guerra entre corpo e mente. O cérebro se encolhe e vai perdendo suas funções e por consequência prejudicando o andar do resto do organismo. Este organismo por sua vez, obedece a um instinto básico de sobrevivência, onde existindo ou não memórias ou lembranças, tende a tocar a carroça para frente, independente da vontade dos bois.
Condição que obriga a uma reflexão sobre os desígnios da morte e da interpretação e propriamente do medo que temos, diante deste ser quase personificado que, muitas vezes aparece para acabar com a festa ou talvez trazer uma dimensão que não queremos aceitar, mas que é parte indissociável da vida.
Após o deleite com a prosa matinal, cada qual pegou a sua verga. Seguindo o caminho voltei os olhos para o Centro Cultural, maltrapilho em meio as árvores frondosas; portas acorrentadas, com tijolos querendo fugir pelas janelas; reboco desfalecido, em grande parte das paredes; limo por onde normalmente cruzam as águas da chuva; pequenas vegetações seguindo o instinto de sobrevivência e cartazes colados anunciando bailes que já aconteceram.
Numa conclusão paradoxal chega-se a visão de que o prédio ou entidade, a esta altura, vive em sua plenitude, em sua madureza, seja por sua estrutura, seja por sua história, seja pelo desejo que habita em nós e também naqueles que passam por ali diariamente e somente se incomodam com este velho. Velho que de repente, não teve o seu cérebro encolhido pela ação do tempo, mas que vê diuturnamente, olhos de repressão, de estorvo, de progresso que militam em prol de uma memória sem bagagem; um trem que viaja o mundo, sem nada largar nas estações; que percorre todos os trilhos sem passageiros, mas está limpo e pintado nas cores que seus olhos verdes gostariam de ver.
Enquanto os entraves burocráticos, legais e a boa vontade não conciliam esforços para se erigir um predinho colorido, como o pórtico da xuxa, para levar o poodle fazer xixi, deveríamos abrir as portas do antigo paço municipal, sortear os tijolos, abraçar as paredes. Simplesmente sentar na escadaria que resta e olharmos pelas frestas carcomidas o presente que não nos interessa.
Se aspirantes a modelos ou estúdios fotográficos podem fazer ensaios, no que resta, por representar um ar vintage, por que nós, macunaímas, não podemos quebrar o cadeado da porta e deixar que os espíritos invadam o centro da cidade, para podermos gozar a velhice, cantar a sandice e olhar para a feira do livro, como se fosse um ato revolucionário e não apenas como um evento no calendário magro?
Tal fato representa de forma explícita que somente se valoriza a juventude. Queremos leitores jovens, estudantes jovens, políticos jovens, empreendedores jovens. E quando esta juventude passar, vai para o calabouço, o nosocômio, a indigência. Ou senão será guardada, com porta fechada, corrente e um cadeado, num casarão antigo, esperando a demolição moral.
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